O caminho para a felicidade.
A jornada consistente pode estar na prática do bem.
Pollyana de Freitas Andrade Miguel
12/20/20242 min ler


O caminho para a felicidade.
A jornada consistente pode estar na prática do bem.
Uma das mais incessantes buscas da humanidade é pela felicidade. A visão de que ela é central no desenvolvimento humano é um fenômeno que nos coloca em uma situação única de concordância. Essa é a condição humana mais desejada, ainda que as pessoas a definam de formas diferentes. Uma das principais referências mundiais sobre o assunto, o psicólogo americano Ed Diener, da Universidade do Illinois e autor do livro Cultura e Bem-Estar: Coleção de Trabalhos de Ed Diener, explora essa subjetividade. Segundo o autor, a felicidade depende da maneira pela qual cada pessoa avalia sua vida. Dessa forma, o “estado de felicidade” varia de acordo com culturas, valores e personalidades.
Mas, dentre tantas variáveis que moldam as nossas visões individuais sobre felicidade, existem as que são comuns? Há elementos compartilhados por nós que traçam o que podemos chamar de “chave para a felicidade”? De acordo com o estudo científico sobre felicidade humana mais longo da história, realizado pela Universidade de Harvard, a responsa é sim. A chave está na qualidade dos nossos relacionamentos. Por essa razão, Robert Waldinger, um dos diretores do estudo, recomenda que as relações interpessoais sejam exercitadas como exercitamos nosso corpo. Nossas relações são parte que integram nosso processo de vitalidade.
Se já sabemos que ter relacionamentos saudáveis é a chave para a felicidade, por que é tão difícil alcançá-la? Talvez porque ainda tenhamos dificuldades profundas para identificar o que é salutar em uma relação. Ou porque encontremos desafios para sermos melhores, gerando um ciclo que retroalimenta as toxicidades das relações humanas. Talvez, o mais importante não seja descobrir a chave para a felicidade, mas sim as condições humanas necessárias para abrir esse caminho e permanecer nele de forma consistente.
É neste ponto que está a sinergia entre a prática de ações em prol de pessoas que precisam e a nossa felicidade. Há diversos estudos que mostram a correlação entre a prática do bem e o desenvolvimento de habilidade socioemocionais, como empatia, equilíbrio, redução da ansiedade, dentre outras características humanas. Eu tenho abordado alguns desses estudos nessa coluna. São diferentes linhas de análise que levam para uma mesma reflexão, que foi consolidada por Mahatma Gandhi em uma frase: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.
As conexões do caminho pela felicidade podem não ser tão claras, mas são fortes. Se praticamos o bem, passamos a enxergar a vida de outra forma e desenvolvemos habilidades humanas essenciais para aprimorar o modo pelo qual nos relacionamos com as demais pessoas. E se nos relacionarmos melhor com nossos pares, somos mais felizes. Afinal, a qualidade das nossas relações está intimamente relacionada com a forma de sermos no mundo.
Assim, para iniciarmos nossa trajetória pela felicidade, o primeiro passo pode estar no olhar para o outro. Podemos dar início a gatilhos que nos colocam em outro patamar de reflexão. E se deixássemos de ver a grandeza da vida como trivial? E se, nas palavras de Eduardo Roque, fundador do Instituto Seja, “não tornarmos o extraordinário ordinário”? Talvez, assim, pudéssemos chegar a uma humanidade extraordinária.